24.2.09

"Agora, todos vão virar à esquerda e seguir direto até Madureira, comer um mocotó." Na dispersão de uma das escolas que encerrava o seu desfile na Sapucaí, o comentarista da Globo repetia, pela enésima vez, o tema favorito de narradores, repórteres e agregados: o vínculo do Carnaval do Rio com a "comunidade". Pareciam instruídos a nos fazer acreditar que, sim, ainda trata-se de uma festa essencialmente popular.
Produzida nos morros. Genuína. Esqueça dinheiro do tráfico, puteiro gringo, espetáculo pra mídia. Esqueça. Viva a "comunidade". O "barracão". "Fulana é neta daquele lendário diretor da Mangueira". Viva.
Viva a Miss Brasil Mutante. Fez aulas de samba para defender suas duas escolas favoritas, explica com sotaque gaúcho.
Nada mais "comunidade" do que amar duas escolas adversárias. Algo semelhante a sair correndo do Palestra Itália para pegar o segundo tempo do outro time do coração, que joga de preto e branco no Pacaembu.
"Rola uma super troca de energia com a comunidade" gaba-se Suzana Vieira, enquanto dispara beijinhos. Fernanda Lima vai além e, desavisada, surge dando um senhor esporro em três negões da "comunidade". Ao perceber que está sendo filmada, contudo, esquece o chilique e veste aquela alegria espontânea do Carnaval, sambando e sorrindo. Moça autêntica.
O repórter, maroto, pede a Paola Oliveira: "Adianta pra gente o que a avenida toda vai ver já já". Ela adianta. E você sabe o que "a avenida toda vai ver já já". Sheron Menezes (quem?) mostra orgulhosa como entupiu as coxas de fita crepe para ter mais liberdade. Christiane Torloni é louvada pelo locutor, pois precisou ir até o barracão ensaiar sua versão de Marianne de Delacroix.
Até o barracão. Mas não deve ter sido longe. Afinal, estamos falando de "comunidade", não? Deve morar a um, dois quarteirões de lá. No máximo.
E não pense que só celebridades transpiram esse maravilhoso espírito. Um mestre-sala, ao exibir as 9.000 luzes de sua fantasia como faria o pior novo-rico, agradece a quem? À "comunidade". Quando a câmera mergulha entre alas de anônimos, eles se estapeiam para aparecer -felizes, felizes- na TV. Talvez, assim, a "comunidade" aqui da firma morra de inveja.
Não, não há como não se emocionar. É mesmo uma festa mágica. Pena ainda não haver pay-per-view 24 horas para podermos, neste exato instante, assistir direto de Madureira à comunidade inteira batendo um mocotó.
Ou você tem alguma dúvida de que estão todos lá?

Do 'Mocotó em Madureira' do Gustavo Piqueira para a Folha.

19.2.09

Itaúnas, 2009.
Itaúnas, 2009.
Itaúnas, 2009.

18.2.09

O senhor para no meio do corredor contando uma história. As pessoas começam a se aglomerar e ele tem certeza que para ouvi-lo. Mal sabe que, na realidade, aquela gente quer é passagem.

Bergen, 2009.

16.2.09

Roma, 2008.

15.2.09

Roma, 2008.

14.2.09

Roma, 2008.

Uns Selbst do Gramigna em espetáculo no Rialto Santambrogio.

11.2.09

˙Era um preto bonito, arrumaado... Um preto cheirooso...˙

Da saudosa comadre do norte.

5.2.09

Vitória, 2008.

3.2.09

Vitória, 2008.