29.6.07

Muqui, 2006

27.6.07

O mundo estaria melhor se o avião do Papa caísse!
O sonho de um futuro melhor para o país foi sepultado junto com o [meu nome é] Enéas!
Os resultados dos campeonatos estaduais são todos frutos da corrupção em que está afundado o futebol brasileiro! Tudo comprado!

Das opiniões para instigar cometários.

26.6.07

Vitória, 2004

Ajudante de açougueiro trabalhava com uma grande faca. Cortava carnes em bifes, pedaços, arrancava os ossos e tinha idéias. Para não esquecê-las fazia pequenos talhos nas mãos e braços como lembretes. Raramente lembrava dos detalhes a partir dos cortes no corpo que permaneciam ali por algum tempo.

25.6.07

[...] o espetáculo que foi uma imensidão de toneladas brilhantes indo abaixo como se fosse uma (foi interrompido pelo meu chefe durante uns quatro minutos, voltei) uma cachoeira, como a de matilde, ou as que aparecem na tv, ou um gol, um golaço, também aqueles corpos voando, uma maravilha, parecia aquelas bolas pererequinhas que quicam e somem. eu só queria estar tomando uma breja com uns pélas e vendo o espetáculo ao vivo. igual uma partida. [...] acho que se alguma bombinha estourasse hoje em ny, metade da população sujaria as calças. acho que se eu fosse cucaracha por lá, venderia bombinhas e cuecas em manrátãn.

Do velho blog da tia velha sobre o aniversário de um ano da estréia mundial do Bin Laden.

24.6.07

Vitória, 2004

Das de lá do Impublicável.

21.6.07

FERNANDO FARO - Li uma vez, acho que foi Marshall McLuhan [teórico dos meios de comunicação], que a gente tem que ter cuidado com a informação e com o ruído da informação. O apresentador é um ruído enorme, um barulho enorme numa entrevista. Resolvi fazer isso depois de uma entrevista, em 1959, com um bandido chamado Jorginho. Eu estava no telejornal da TV Paulista quando o Jorginho foi preso. Fui na delegacia entrevistá-lo. Disseram: ˙Você não pode entrar na cela˙. Dei o microfone para o Jorginho e fiquei do lado de fora, com o gravador. E comecei a perguntar várias coisas. Peguei o material, que tinha apenas as respostas dele, e editei. Gostei daquilo. E comecei a fazer tudo com esse formato, só com o entrevistado falando.

FARO - A idéia dos closes também veio do McLuhan. Ele dizia que uma [tomada] geral de televisão é só uma imagem. Você não vê nada. Você comprova isso em um jogo de futebol: você não sabe como é a cara dos jogadores. Aí eu disse: "A solução é o close e o meio-close". Eu lembrava também que Picasso usava close e meio-close.

FARO - Gravei programa com o Vinicius de Moraes, o Martinho da Vila, que foi um escândalo. Tinha acabado de fazer com o Vinicius. Quando disse que ia fazer programa com o Martinho, os caras começaram a virar a cara. Mas o programa do Martinho deu uma barbaridade de audiência. O do Vinicius tinha dado 45, 48 pontos. O do Martinho deu uns 60. Naquele tempo [meados dos anos 70], colocava-se muito acadêmico na TV. Eu coloquei gente da rua. Depois que deu audiência, todo mundo se acalmou.

FARO - Fiz os festivais da Tupi, pois fui o diretor musical da TV de 1968 a 1972. Uma vez chegou alguém e disse: ˙O general mandou te chamar˙. O general era o encarregado da censura. Num programa, o ˙Móbile˙, eu coloquei uma água-viva, sem texto, sem nada, e uma mão jogando sal, que dissolvia a água-viva. Disse: ˙General, não tinha texto, não tinha música˙. E ele: ˙É, mas a gente te conhece. Você estava querendo dizer que a água-viva é o povo, e o sal é o governo que esmaga as pessoas˙.

FARO - Sempre me preocupei com o tamanho deste país. Sou de Sergipe. Tinha coisas lá que o país todo tinha de saber. A TV pública deve cobrir as manifestações [culturais] que acontecem no país. São regiões heterogêneas, multiculturais, cada uma tem coisas para mostrar.

FARO - Uma vez eu cheguei pro Briamonte, que foi o primeiro maestro do Eduardo Gudin, para fazer um arranjo. Disse: ˙Bria, é o seguinte: você está deitado, dormindo, aí acorda e uma escola de samba vem passando. Ela vem descendo, passa e vai embora˙. Ele me disse: ˙Nunca vi ninguém fazer arranjo com uma imagem˙.

FARO - O Chico Buarque era muito tímido. Ele não olhava para a câmera. Diziam que ele tinha olhos bonitos, então botei a câmera no chão. O Chico não falava. O Milton era igual.

FARO - Tem duas pessoas que eu queria levar ao programa e não levei. Uma é a Hebe Camargo. Um tempo atrás estive com ela e disse: ˙E o programa?˙. ˙Não vai dar para fazer, eu estou velha, não vou agüentar aqueles closes.˙ Eu disse que fazia do jeito que ela quisesse, não precisava dos closes.
A segunda é a Rita Lee. Não levei porque não falei com ela, quero falar. No tempo em que eu fiz o programa ˙Divino Maravilhoso˙, uma vez nós fomos para o Rio com os Mutantes. E aí ficamos amigos. Mas de lá para cá nunca mais falei com ela.

FARO - A Elis viveu em minha casa um tempo. Ela sempre foi assim, estava conversando com você e de repente ficava vesga se não gostava de algo. Uma vez foi um cara lá em casa me vender um carro. Ela ficou olhando e começou a ficar vesga. Aí eu cheguei e falei pro cara: ˙A gente conversa outra hora˙. Cheguei pra Elis e perguntei o que houve. Ela: ˙Pô, você não viu a aura desse cara, ele não presta˙.

Da entrevista do super-herói na Folha de ontem sobre a comemoração hoje dos seus 80 anos.

20.6.07

Assis, Itália, 2007

Dos auto-retratos.
[O bitinique Lawrence] Ferlinghetti seguia enumerando toda sorte de meganhas, até o magnífico final:
˙[...] E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam & matam pela Paz / Eu ergo meu dedo médio na única saudação apropriada˙

Os cientistas vêem a separação entre os antepassados do homem e os de outros macacos contemporâneos no desenvolvimento do polegar opositor: é o dedo da mão que se opõe aos outros quatro, permitindo segurar objetos com firmeza e fineza, que construiu catedrais; ou seja, foi ele, tanto quanto o cérebro volumoso e compatível, que nos tornou humanos. Como paleantropólogo de fim de semana e ferlinguetista em tempo integral, gostaria de propor um desdobramento desta idéia. Se, no passado remoto, foi o polegar opositor que nos fez humanos, hoje, é o médio opositor que pode nos manter humanos. É erguendo o dedo médio, na única saudação apropriada, que nos afirmamos como gente, em oposição às estrelas do noticiário político-policial [˙political˙, diria Leminski?].

[Mais uma vez pra marcar]
˙[...] E a qualquer um e a todos que matam & matam & matam & matam pela Paz / Eu ergo meu dedo médio na única saudação apropriada˙

Do Arthur Dapieve, no Nomínimo.com.br.

19.6.07

Não há muito tempo, me surpreendi em uma sensação inacreditável: folheando um livro sobre Hitler, me emocionei diante de algumas fotos dele; elas me remetiam aos tempos de infância; vividos durante a guerra; muitos familiares encontraram a morte junto dessa fotografia de Hitler que me remete a um tempo de revolução na minha vida, um tempo que não virá mais?
Esta reconciliação com Hitler trai a profunda perversão moral inerente a um mundo fundado essencialmente sobre a inexistência do retorno, de modo que nesse mundo tudo é a princípio perdoável e tudo é cinicamente permitido.
D'A insustentável leveza do ser, Milan Kundera.

18.6.07

Assis, Itália, 2007

16.6.07

Cariacica, 2005

O som do ˙canteiro˙ não te abandona durante todo o expediente e quando este termina ele te segue até em casa.

O ˙canteiro˙ excede o momento do trabalho. Habituado ao seu ritmo procura se apegar ao tempo como fio condutor dos gestos contínuos e repetidos que faz há 30 anos, 8 horas por dia.

Da exposição 'Arritmia dos canteiros' de Saùl Palma e Giorgio Palmera.

14.6.07

Ela viveu seus mais belos dias quando fotografou os soldados russos nas ruas de praga exposta ao perigo. [...] Havia descoberto que existe circunstâncias em que podia se sentir forte e satisfeita, e quis partir para o estrangeiro na expectativa de reencontrar circunstâncias semelhantes.
D'A insustentável leveza do ser, Kundera.
Aberto das 32h às 27h.

13.6.07

Vila Velha, 2004

Vizinhos esperam para ver Cristina, 23, no banheiro. Semi-nua e enforcada.

12.6.07

Tenho a sensação de que ainda não lembro de alguma coisa que esqueci ontem. Mas hoje se lembrasse já não adiantaria.

Das pequenas derrotas diárias.

10.6.07

Vila Velha, 2004

Condomínio Grand Royale meia calabresa, meia muzzarela. TV. Fátima Bernardes. A classe média vestida de taierzinho. Que dá tesão. Dá vontade de abrir um negócio próprio. Que dá vontade de dar dois tiros na garganta.
Do ˙Fátima fez os pés para mostrar na choperia˙, Marcelo Marisola, ed. Estação Liberdade.

7.6.07

Antes da execução da tarefa, deve-se realizar seu planejamento, identificando e analisando os riscos envolvidos através da APR – Análise Preliminar de Risco, eliminando-os ou aplicando seus respectivos controles e/ou tomando providências cabíveis, conforme procedimentos específicos.
É obrigatório a utilização do cinto de segurança tipo pára-quedista, com talabarte em “Y” para deslocamentos ou com trava-quedas e talabarte ajustável pelos executores que trabalharem em planos elevados (acima de dois metros em relação ao nível do solo).

Dos riscos a serem observados.

6.6.07

Vila Velha, 2005

Um dia passando por aqui, bem aqui nessa esquina perto desse cruzamento do canto da cidade a essa hora morta quando também via passar um caminhão e um operário acompanhando sua sombra, eu tive uma idéia. Lembro bem, naquela ocasião eu tive uma idéia.

3.6.07

Tempos atrás passando por uma rua deserta já altas horas vi um amigo dentro do carro com a cabeça baixa ocupado em anotar alguma coisa. Aproximei, cumprimentei e o deixei com o pedaço de papel e a idéia. Não sei até hoje do que se tratava.
Lúcio Maia da Nação Zumbi
Vitória, 2006.

2.6.07

[...]
Cumprimentei-a com um ˙oi˙ tão competente quanto meu trato com a anilha de dez e a vi partir para a esteira ergométrica. ˙Decifro-te˙, disse para mim mesmo, antes de iniciar a série de abdominais.
Do Adalberto Silva no tamarindo-saci.blogspot.com

1.6.07

Desde que cheguei o quarto permanece fechado. Habitam vítimas do antigo inquilino... Degolei-o. Pensei na órbita dos olhos ou coisa que o valha... mais sangue, eficiência, precisão, hematomas e depois toda a vida, toda a breve existência morta no vaivém lúcido e visionário da minha rola.
Do ˙Perfil do Consumidor˙ no ˙Fátima fez os pés para mostrar na choperia˙, Marcelo Marisola, ed. Estação Liberdade.