9.5.07

Até agora, a viagem de Bento XVI custou ao Brasil pelo menos R$ 20 milhões. Luxo causa mal-estar na Igreja
Do Estadão

[A vinda do número 1 tem a atenção dividida com as] novas 60 TVs de plasma da Basílica de Aparecida, o cálice em ouro, prata e bronze de R$ 3.500 da missa no Campo de Marte, as toalhas e os lençóis de marca bordados para Bento, a garrafa de vinho de R$ 350 no almoço papal, a cozinha do mosteiro que funcionará durante as 24 horas do dia para a comitiva do Vaticano, e as mais de 400 peças de porcelana francesa feitas exclusivamente para o visitante ilustre.

Dispara também o Bispo: ˙Tanta comida, tanta bebida, tanta renda, tanto luxo... Isso tudo é um contratestemunho. Vai contra o testemunho de Jesus Cristo, que nunca se deixou tratar como rei. Quando entrou num palácio, foi para ser chicoteado˙. D. Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás e conselheiro da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Do Ricardo Westin, no Estadão.

De costas para o Futuro
Da Carta Capital

A grande maioria dos fiéis já não ouve a voz de Bento XVI, que, voltado para o passado, ignora as aflições causadas pelos problemas práticos da sociedade moderna. 86% não concordam com a proibição ao uso da camisinha e 51% são contra a condenação do ao aborto em qualquer circunstância, como quer a igreja. Da capa da Carta Capital.

A maior nação católica do mundo˙ que o alemão Ratzinger encontrará agora é bem diferente do visitado pela primeira vez pelo polonês Karol Wojtyla em 1980. Os brasileiros são menos católicos e aumentaram as divergências da população com a cúpula da Igreja em relação a temas controversos, como o aborto.
Da Paula Pacheco, na Carta Capital

Presença irreal
Da Folha

[...] à medida que declina a crença no inferno, o poder das condenações doutrinárias ao sexo ou ao consumo tende a recalcar-se em uma gaveta longínqua do inconsciente. O que não significa, por certo, que todo passado pessoal e histórico de repressão ao sexo tenha se dissolvido no ar. Medo e culpa nessas questões fazem ainda parte de nossa cultura, e essas coisas não mudam rapidamente.

É nisso que o conservadorismo do papa acaba desempenhando um papel positivo. Sua clamorosa inatualidade serve para atrair, como um ímã, todas as pequenas aparas de ferro que ainda nos prendiam a um mundo de obscurantismo e repressão. Ficam com ele, e não conosco, o absurdo, o medo, o dogma e a culpa. Ele nos deixa mais leves, quanto mais pesado o seu passo. [...]

Do alto de uma estrutura burocrática, centralizada e gigantesca, o papa adquire uma presença menos efetiva, mais simbólica e irreal.
Do Marcelo Coelho, na Folha.

2 comments:

Anonymous said...

Mano muito boas reportagens... aqui as notícias do papa foram tão corridas que nem tivemos muito tempo de ler alguma coisa legal sobre... muito legal parabéns

Anonymous said...

pois é, élix
olhando daqui foi isso aí. um grande oba-oba.
um beijo