24.5.07

Porcos, lavagem, doentes, lama até os joelhos, certidões, uma senhora caiu por fadiga. Foi acudida a tempo de não morreu afogada. Escutava atentamente e anotava no caderno já molhado pelas gotas pastosas vindas do teto sustentado pelas últimos caibros que resistiam à umidade e aos cupins. Estalava e balançava a única luz da repartição, meio esverdeada, criando um ambiente propício a um suicídio. Vi quando cada carrapato desceu do cabelo para o denso e empapado buço da funcionária enquanto esta repetia automaticamente a relação das tarefas a serem cumpridas. Sílabas despejadas ao ritmo das carimbadas na pilha de papéis que a encobria parcialmente. Calculei os meses necessários para que tudo fosse providenciado. Chegaria a doze anos. Cheiro pútrido e a janela não abria. Mais uma vez à rua. Já madrugada. Teria que ir para outra fila. Dois dias. Tempo para reler o livro pela terceira vez. Algumas passagens tinham mesmo ficado nebulosas.
Bz

1 comment:

euinsisto said...

oi bruno, blz? então, tô aqui. vim conhecer seu blog. tem umas fotos bem legais. vc, onde está? beijos.