18.11.08

˙André Cypriano fugidio e solitário, andante da noite, vendedor ambulante de desespero - grávido de inferno. Indivíduo de inconstante consciência subjugado. Gestante do fruto pecado penal, mandamento amputado, paradoxal carcereiro do lado de fora. Caldeirão do Diabo, mulambo da manhã, caldo de sopa, de tempo devastado. Poeira do acaso, sistema presidiário. Débil é a barra sob o pálido dardo de luz que conjura o homem das quatro paredes. Uma outra viagem - palavra é carne -, privilégio da cobiça encarcerada entre parede rabiscada de dor - assim vejo o homem, assim vejo o poder - atracado na barra mascarada, tatuagem mortuária do corpo em anseio de liberdade - matar o sistema é a ordem do dia.˙

Do Mário Cravo Neto sobre o Caldeirão do Diabo do Sr. Cypriano.

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