28.4.07

Vila Velha, 2006

[...] o azul é como o mar. O marrom, como esta árvore [e levou a mão do amigo até o tronco]. O vermelho... o vermelho é como o céu.

Segundo o diretor Cristiano Bortone, nessa seqüência do ˙Vermelho como o céu˙ os diálogos são todos improvisados. E a associação improvisada do céu com o vermelho, feita pelo menino ator, acabou virando o nome do filme.

Lembrei do diálogo d˙Os Matadores˙ sobre o azar que dá deixar o corpo do morto de bruços. Melhor diálogo do filme e de improviso. Pode ser que seja como na música. Aqueles malucos que passariam dois dias improvisando em um mesmo tema coisas fantásticas.

˙Taquaruçú de espinho, muito macuco, aquela coisa toda, né.˙ Tem as histórias contadas pelo Tom e Vinícius que, se reunidas em um volume, poderia bem ser um tratado geral sobre... então, é... isso mesmo. ˙O Vinícius naturalmente me levou para o grande mundo carioca. Me levou à casas em lugares altos que tinha piano de calda, tinha aquelas senhoras bonitas bem lavadas, dentes. Muito bonito.˙ Diz do Tom.

Tem a outra coisa de pensar em show e filmagem não como lugar de criação mas de execução. Com isso o improviso ganha uma força tremenda. De repente em cima do palco, diante das luzes, câmeras se concentram as expectativas dos músicos, platéia e tudo mais de forma a criar próprio uma atmosfera criativa. Os aplauso e a fadiga, tensão podem servir de combustível [˙ah, essa luz! só pode ser Jesus˙]. Pode ser.

Interessante para o público presenciar um improviso certeiro. É a impressão de ver e participar do processo de criação. O errinho e a respirada fora de lugar legitimaria e autenticaria obra e autor. Isso sem falar da tosqueira [úiah!] que leva isso ao limite do aceitável [passar um pouco é normal].

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